Não tem jeito, depois que passamos a ter conhecimento técnico de determinado assunto, não conseguimos olhar para tal sem o ar crítico. Na última madrugada, tive a experiência de entrar num mundo conhecido superficialmente, fiquei atenta a cada detalhe, cada jeito, cada atitude, daquele meio que não me pertence. Me senti um peixe fora d'água, mas, como futura gestora de eventos, tenho que me acostumar com esse tipo de situação, pois serão constantes no futuro muito próximo.
Fui a um show de pagode. Pagode esse de descer até o chão, com letras altamente sugestiva a sexualidade. Mulheres com vestidos curtos, cabelos grandes, e sua maioria com mega hair. Homens com medalhões de ''ouro'' pendurados no pescoços, bermudões e boné, estilo hip hop no pagode. As famosas "piriguetes" e "putões", nomeação no qual a maioria enche a boca pra falar. Uma "piriguete" veio me contar que um site a chamou para entrevistar.
Pergunta: você é uma "piriguete"? Resposta: Sim. Toda "piriguete" é gostosa e eu sou gostosa.
Deu uma rebolada e uma bela gargalhada. Senti no olhar daquela criatura o orgulho que ela sentia por ser uma "piriguete", encheu a boca para falar isso.
Vamos a parte técnica. Um palco grande para uma casa de show que comporta aproximadamente 900 pessoas. Um telão de led com uns 6 metros de comprimento por 3 de altura e algumas iluminações instaladas nas estruturas box truss. O telão reprojetava animações sem muita criatividade, no qual, sua única finalidade foi iluminar o palco, já que as outras iluminações estavam sendo pouco utilizadas. O operador desse telão estava com uma blusa normal, com sua latinha de cerveja na mão, atento as "piriguetes" que lhe dariam mole. Uma vez ou outra, ele se lembrava de trocar as animações. O som foi outro ponto observado. "nossa senhora dos entendimentos sonoros", dai-vos compreensão. Banda de pagode é muito percussiva e se não houver um bom operador de som para deixar em harmonia os instrumentos percussivos, harmonia, sopro e voz, a coisa vai ser feita, muito feia. Algumas músicas só conseguia reconhecer pelo ritmo. Quando o cantor falava, não entendia nada. O operador estava mexendo na mesa de som, tentando melhorar, mas parecia que não tinha muito conhecimento no assunto, fazia umas feições do tipo "é pra mexer no que, hein?" talvez fosse algum auxiliar técnico tentando resolver o problema. Complicado.
Mas entre troncos e barrancos, o povo estava "feliz". Todos com os juízos cheios de bebida, paquerando e se esfregando. Queriam mais o que?
E tenho dito!